terça-feira, 3 de janeiro de 2017

Especial Círculo das Ideias: Eu, Robô de Isaac Asimov #6 "Um Robozinho Sumido"

Cena do filme Eu, Robô protagonizado por Will Smith
– Não foi uma simples invenção robótica, sabe; não foi só isso. Mas, é claro, até nós desenvolvermos o Cérebro, não conseguimos chegar muito longe. Mas tentamos; tentamos, mesmo. Minha primeira ligação (isto é, minha primeira ligação direta) com a pesquisa interestelar foi em 2029, quando se perdeu um robô... - Isaac Asimov

Escrito na década de 40 e publicada originalmente na Astounding em 1947, Um robozinho sumido narra a primeira aventura de Susan em viagens através das estelares e do espaço.

Susan e seu colega Peter Bogert, respectivamente Psicóloga-Chefe e Diretor-Matemático da U.S. Robots and Mechanical Men são enviados para o espaço para identificarem um robô que teve a primeira lei alterada e se misturou em um lote de 62 robôs semelhantes.

– Quando não encontramos o nosso robô desaparecido (e eu lhes asseguro que teríamos encontrado uma folha de grama desaparecida se ela estivesse lá para ser encontrada), pensamos em contar os robôs que restavam na nave de carga. E eles têm 63, no momento.

– Então presumo que o 63° seja o pródigo robô desaparecido. – Os olhos da dra. Calvin se anuviaram.

– Sim. mas não temos como distinguir qual é o 63°.

Seguiu-se um silêncio mortal enquanto o relógio eletrônico tocava onze vezes.

– Muito peculiar - disse psicóloga roboticista, com dêsanimo estampado no rosto.

– Peter - ela se voltou para o colega com certo furor -, o que há de errado aqui? Que tipo de robôs eles estão usando na Hiperbase?

O dr. Bogert hesitou e deu um sorriso amarelo.

– Até agora, essa tem sido uma questão delicada, Susan.

– Sim, até agora. Se há 63 robôs do mesmo tipo, precisa-se de um deles e não é possível determinar sua identidade, por que não pegar qualquer um? Para que tudo isso? Por que fomos mandados para cá?

– Se me permite, Susan... Acontece que a Hiperbase está usando robôs em cujos cérebros não foi incorporada a Primeira Lei da Robótica por inteiro - disse Bogert, resignado.

Não foi incorporada? – repetiu Susan Calvin, deixando-se escorregar na poltrona. – Compreendo... Quantos foram fabricados?

– Alguns. Foram feitos por ordem do governo, e era impossível violar o segredo. Ninguém deveria saber a não ser os superiores diretamente envolvidos. Você não tinha sido incluída, Susan. Não tive nada a ver com isso.

O general interrompeu com certa autoridade.

– Gostaria de explicar um pouco as coisas. Eu não sabia que a dra. Calvin desconhecia a situação. Não preciso lhe dizer, dra. Calvin, que sempre houve uma forte oposição aos robôs no planeta. O único argumento que o governo teve contra os radicais Fundamentalistas nesse caso foi o fato de que os robôs são sempre construídos com uma inviolável Primeira Lei... quem os impossibilita de ferir seres humanos em qualquer circunstância. Mas nós precisávamos ter robôs de natureza diferente. Então apenas alguns dos modelos NS-2, isto é, os Nestores, foram preparados com a Primeira Lei modificada. Para manter isso em segredo, todos os robôs NS-2 são fabricados sem número de série; as unidades modificadas são entregues aqui juntamente com um grupo de robôs normais; e, é claro, todo o nosso pessoal foi intruido de modo bem escrito a nunca contar sobre as modificações do robôs a pessoas não autorizadas. - Ele deu um sorriso constrangido. - Tudo isso se voltou contra nós agora.

– E por acaso o senhor perguntou a cada um quem ele é? Com certeza, o senhor tem autorização - disse Calvin com seriedade.

O general meneou afirmativamente a cabeça, respondendo:

– Todos os 63 negam ter trabalhado aqui... e um deles está mentindo.

Propondo um problema inimaginável para o seu tempo e apresenta uma solução: descobrir através de testes qual robô está mentindo e se escondendo entre os demais. No filme - que leva o mesmo nome do livro - vemos uma colcha de retalhos de vários contos e conceitos asimovianos, entre elas, a parte que remete à cena do filme onde o detetive Del Spooner (Will Smith) tenta encontrar um robô assassino em meio a uma centena de outros robôs.

AJUDE A EQUIPE ASIMOV

Com a missão de expandir conhecimentos, impulsionar a criatividade e possibilitar crescimento acadêmico, profissional e pessoal a seus membros, a Equipe Asimov e os alunos do Instituto Federal do Espírito Santo (IFES), campus Colatina, participaram e foram campeões na XV Competição Latino-Americana de Robótica (LARC) que ocorreu nos dias 8 a 12 de outubro de 2016, em Recife, Pernambuco. Além dos certificados e troféus, a equipe ganhou uma vaga para representar o Brasil no campeonato mundial que acontecerá no Japão, porém não tem dinheiro o suficiente para bancar a viagem. Nós, do Golem, apoiamos a iniciativa. Para doar e realizar esse sonho dos competidores, clique aqui e contribua.



SOBRE O AUTOR
Nascido em Petrovich, na Rússia, em 1920, Isaac Asimov editou e escreveu mais de quinhentos livros entre eles O fim da eternidade, Os próprios deuses e Fundação – universo criado em uma triologia que foi expandida para mais quatro livros e que rendeu uma premiação com um Hugo, a mais cobiçada homenagem prestada pela Convenção Mundial de Ficção Científica, como a melhor série já escritaSeu conto O cair da noite, escrito em 1941, foi considerado pela Associação dos Escritores de Ficção Científica da América como a melhor história de todos os tempos. Escritor diversificado, escreveu para todos os ramos imaginados: mistérios, artigos científicos, romances, enciclopédias, livros didáticos e acadêmicos. Outra coisa que foi constante na vida de do autor – assim como na de muitos cientistas – é o questionamento da existência de Deus (mesmo ele não acreditando na possibilidade de uma presença de força superior). Morreu na cidade de Nova York em 1992, em decorrência do HIV, contraído após uma transfusão de sangue.