quarta-feira, 3 de maio de 2017

Rodolfo Gatti: "O meu ideal de previdência, educação e trabalho se resumem no fim de três coisinhas: Previdência, MEC e CLT"

Tirado da Sentimentaligrafia
Quem olha parece não acreditar no que vê: Rodolfo Gatti é músico e empreendedor e graduando em Ciências Econômicas e criador do Capitalista Morena. A página de humor e voltada para a direita tem feito sucesso e causado polêmicas. Membro do PSL e ligado a corrente do Livres - em suas palavras "que defende uma liberdade inteira".

Sou liberal, mas não tenho problema algum com conservadores e ancaps - diz um post em sua página, que resume seu pensamento, esclarecendo alguns pontos sobre ele mesmo e sobre o seu pensamento. Sobre a reformas ele diz:

O meu ideal de previdência, educação e trabalho se resumem no fim de três coisinhas: Previdência, MEC e CLT

De onde você tirou a ideia da página Capitalista Morena? É um dialogo com a Socialista Morena ou só uma piada que tomou proporções maiores?
A criação da Capitalista Morena aconteceu na minha transição do socialismo para o liberalismo, que também foi quando conheci a senhorita Socialista Morena. As coisas que ela postava não faziam sentido e me reviravam o estômago. A criação da Capitalista Morena veio, de início, para zombar da irmã socialista, uma ideia que deu super certo e que agora, apesar de ainda brincar com a irmã socialista, está tomando uma forma própria e próspera.

O que seria o politicamente correto e como ele é manifestado? Ele toma ares de opinião pública?
Eu vejo o politicamente correto como uma ameaça a liberdade. A expressão "politicamente correto" (PC) surgiu na década de 70 e significava ser "inclusivo", tem haver com não discriminar o próximo. Você vê isso e pensa "porra, que legal, inclusão e blá blá", mas o PC funciona como uma forma de acabar com a liberdade de expressão. Piadas com mulheres, portugueses, gordos, magros, brancos, negros, japoneses, gays passam a ser vistas como preconceito. Veja, eu sou um cara tranquilo, respeito todos e faço piada de tudo. Se alguém ouve ou vê e se sente ofendido o problema é da pessoa. Recentemente você até percebe que esse pensamento entra no âmbito político de "não pode falar mal de político", "não pode xingar" e etc. E no futebol então? Comerciais de TV? Claro, o comercial é privado, o publicitário sabe o que faz, a empresa sabe o que faz, mas assim como a Marvel vinha perdendo dinheiro com esse tipo de marketing, totalmente forçado, outras também perderam aqui no Brasil. Tem uma frase de um escritor chamado Salman Rushdie que gosto muito: O que é liberdade de expressão? Sem a liberdade de ofender não existe liberdade de expressão. E nessa linha de pensamento deixo claro que o politicamente correto enquanto não totalitário pode existir numa boa, enquanto não usarem dinheiro público para manifestarem ele, tranquilo, agora a partir do momento que pessoas passam a ser caladas e o dinheiro público começa a ser injetado em campanhas forçadas, ai não dá.

Na sua opinião, porque tantas pessoas foram as ruas? Tanto a direita e a esquerda parecem descontentes com o país. O que os difere?
As pessoas foram as ruas porque realmente estão insatisfeitas. Estão de saco cheio dos políticos, mas é aquilo, muitos parecem perdidos, pois não confiam nos políticos e querem o estado cada vez maior, não faz sentido! A diferença da esquerda e da direita nas ruas é clara: o fim. A esquerda não queria derrubar a Dilma, mas agora querem derrubar o Temer. A direita queria Dilma fora e já está saturada do Temer também, mas ainda assim, tira-lo agora, próximo das eleições não faz sentido, a não ser que cassem a chapa, aí é outra história. A direita vai as ruas por menos estado, a esquerda vai pras ruas pedindo mais intervenção estatal. A verdade é que sempre veremos a esquerda nas ruas contra reformas que podem melhorar o país.

Nova versão cinematográfica de 1984 de George Orwell
Você é membro do Livres - uma corrente liberal que está na renovação do PSL - poderia falar mais sobre ele (Livres) e dar mais detalhes sobre a iniciativa e se ela pretende abraçar - ou criar - um movimento estudantil igual ou similar aos apresentados pelos partidos identificados com a esquerda?
O Livres é o agente de mudanças no PSL. A mudança será tanta que o partido mudará de nome. O Livres, na minha visão, é o único partido que defende uma liberdade inteira. Me sinto representado ali, por isso faço parte. Claro, nunca concordaremos com tudo, por isso digo que uns 90% eu concordo com o Livres, mas isso faz parte, divergências são comuns até entre torcedores do mesmo time (risos). Sobre o movimento estudantil creio que o Livres abraçará isso sim. Não quero alongar a respeito por não ter detalhes.

Sobre as reformas propostas pelo Governo, no que você mudaria? Está bom do jeito que está? E em meio a tantas reformas educacionais nesse momento do país, como a educação e os seus professores te levaram ao ponto que você está hoje?
A reforma trabalhista, principalmente, tem pontos muito bons que darão mais liberdade, mas tem ponto que a tornarão mais paternalistas como o pagamento de despesas em home-office, que deveria ser combinado entre empregado e empregador, ao invés de obrigar o empregador a arcar com as despesas. Claro, temos que pensar na ótica da Janela de Overton: as reformas podem não ser a melhor coisa do mundo, mas se estiver caminhando para dar mais liberdade, isso é ótimo. O meu ideal de previdência, educação e trabalho se resumem no fim de três coisinhas: Previdência, MEC e CLT. Tive bons professores tanto na particular e na pública, mas não diria que sou quem sou graças a eles. Não quero desmerecer, mas para que eles me prepararam? Para ser um empregado, fazer greve e passar no vestibular? Empreendedorismo? Não. Mises? Não. Nem Adam Smith! Tem 2 anos que venho aprendendo sobre muitas coisas que paro, penso e logo chego a conclusão: porque raios não me ensinaram isso na escola?

Após as eleições municipais foram aparecendo possíveis nomes e forças políticas para a eleição de 2018. Se a eleição para presidente fosse hoje, em quem você votaria?
Se fosse hoje: Pensando num cenário entre Lula, Bolsonaro, Dória, Marina e Ciro Gomes, eu votaria no Dória. Apesar de saber que ele é contra o armamento, a favor de regulamentar a Uber e outros pontos negativos, ainda assim, acho melhor candidato que os outros e (por enquanto) com menos pontos negativos que os outros. Claro, só se fosse hoje, pois sei que surgirão novos nomes, ouço algumas coisas por aí (risos). Temos que pensar uma coisa, bem louca, que é bem possível de ser verdade: a estratégia das tesouras. Se realmente há uma manutenção entre PT e PSDB e Dória é uma das ferramentas para isso, eu votaria no Bolsonaro com o objetivo de quebrar esse estamento burocrático.

Quais autores te influenciaram e se você tem alguma dica para leitura (literatura, política, economia, etc)?
Autores que estão me influenciando através de vídeos e livros: Ayn Rand, Mises, Adam Smith e Hayek. Não sou nenhum expert ainda, mas desses quatro a Rand é a que mais estudo, principalmente o objetivismo que é uma linha que me identifico demais. Indico fortemente a primeira leitura que fiz quando comecei a me tornar um liberal: As seis lições de Ludwig von Mises que pode ser encontrada no formato e-book na biblioteca do Instituto Mises Brasil e 1984 do George Orwell que era de esquerda, mas escreveu sobre coisas que a esquerda mais sabe praticar: o autoritarismo. Deixo um aviso: esquerdistas, 1984 não é um manual!