quinta-feira, 9 de novembro de 2017

Especial Círculo das Ideias: O Povo Branco - Arthur Machen


— Feitiçaria e santidade – disse Ambrose – são as únicas realidades. Cada uma leva a um êxtase, a uma fuga da vida comum. - Arthur Machen
Se for alguém lendo a história qual é o impacto dessa história dentro na trama desse outro personagem, mesmo que não seja o impacto em ação, o que simboliza a história de um personagem dentro da motivação do outro? Em O Povo Branco podemos ler essa resposta.

Publicado originalmente em 1904, a narrativa é dividida em três partes, Prólogo, O Livro Verde e Epílogo, vemos um debate entre Cotgrave e Ambrose sobre a origem do mal e do pecado, na qual o último para provar a sua argumentação para o primeiro, empresta um diário de uma jovem que foi filha de um amigo seu.

No diário, a jovem protagonista conta suas experiências e contatos com o Povo Branco de forma ingenua, acreditando que eles são bondosas entidades dos contos de fadas que sua babá contava quando criança. Ela não imagina o resultado catastrófico ao entrar em contato com forças além de sua compreensão.

O conto é demasiadamente longo. Poderia ter  menos da metade do tamanho cortando detalhes e informações que não são necessárias à trama ou à experiência - o que apresenta um esforço singular do autor para criar o ambiente. Claro, isso olhando pela perspectiva de hoje: no século do XIX (o conto foi escrito nos final daquele século) as descrições eram longas - um mal romântico daquele século.

O AUTOR
Arthur Machen nasceu em 1863 e teve uma característica que marcou sua vida e obra: sobrenatural. Seu estilo de narrativa apresenta muitos elementos místicos distribuídos por seus contos e novelas. Fez parte da Ordem Hermética da Aurora Dourada, um seleto grupo de ritual de magia que contou entre os seus membros também William Butler Yeats, Aleister Crowley e Algernon Blackwood. Na década de 1890, a sua escrita adquire uma nova reviravolta: contemporânea torna-se tanto em estilo e tema. Com estabilidade econômica garantida graças a uma herança, cria-se o espaço criativo para sua mais famosa obra: The Great God Pan: narrativa que mistura sexo, paganismo e horror. Outro marco em sua vida é o sucesso de The Archers, que deu origem a lenda dos Anjos de Mons: o primeiro encontro importante entre as marinhas britânica e alemã na 1° Guerra, onde os ingleses foram socorridos por seres celestiais. Morreu em 1947, aos 84 anos.